Minha tataravó Luíza morava com a filha, Benedita, que era mãe da minha avó, Dora Barbosa. Todas moravam juntas, inclusive minha mãe, que era criança. A minha tataravó já tinha mais de 100 anos, não andava e era carregada numa esteira de bambu e cipó.
Ela era de muita idade, porém sempre estava em volta do fogão a lenha.”
Alessandra Aparecida da Silva – Neta de Dora Barbosa
“Minha avó Maria do Rosário, que também era chamada de Maria Jordão, tinha uma roça lá no alto do morro, lá pelas bandas do primo Zé Luís. Lá ela plantava mandioca, batata doce, cará, banana da terra e outras coisinhas mais.
Vovó Jordão morava numa casinha pequena, de pau a pique, chão de terra batida, bem simples, quase não tinha nada, não tinha mesa na cozinha, sua cama era uma tarimba de madeira onde ela colocava esteiras de taboa, um fogão a lenha no chão, eram três pedras no chão, e ali ela preparava seus alimentos, uma refeição simples que eu amava comer com ela.
Às vezes vovó me chamava para ir dormir em sua casa, pra fazer companhia, e era nesses poucos instantes que ela me contava das coisas do seu passado: da sua mãe, do povo escravo, dos momentos bons e ruins. Muitas pessoas daquele tempo, depois do fim da escravidão, se foram e, dos seus descendentes, foram nascendo outras gerações… e assim foi, até chegar na minha geração.”
Jucilene Leite – Neta de Maria Jordão
“Meu avô Benedito José dos Santos era um velhinho já bem de idade. Vivia da roça, caça e pesca, foi um dos primeiros artesãos daquela época. Fazia cestos, peneiras, redes, tipitis, covô, etc. Ele era conhecido como Dito Fidelis, tinha esse apelido pois seu pai chamava João Fidelis. Ele era irmão por parte de pai da Presciliana, hoje matriarca da comunidade com 91 anos.
As coisas eram difíceis, porém viviam felizes com a vida simples que levavam. Os filhos nasciam em casa com parteira e as mulheres umas ajudavam as outras, as dores eram curadas com remédios caseiros, plantas e ervas do mato, não existia água encanada e nem energia elétrica tudo era feito no rio (bebiam água, lavavam roupas, preparavam alimentos tudo com água ali do rio). A casa era muito simples de pau a pique tinha um fogão a lenha, somente a sala tinha um pedaço de chão de assoalho de madeira onde aconteciam as danças de São Gonçalo.
Naquela época muitos saíram procurando serviço fora, mas tive uma irmã chamada Claudete dos Santos e um primo Cláudio Benedito dos Santos que herdaram o dom do artesanato do nosso avô: faziam muitos cestos, bolsas, tapetes, balaios, etc.”
Vladimir dos Santos – Neto do Benedito Santos
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